Eduardo Requião é indiciado pela PF por lavagem de dinheiro e associação criminosa no Porto de Paranaguá

Share

Mesmo após 16 anos de sua saída como superintendente do Porto de Paranaguá, Eduardo Requião continua a enfrentar investigações e complicações judiciais que mobilizam as autoridades. Em 17 de outubro, a Polícia Federal (PF) indiciou Eduardo pelos crimes de associação criminosa, ocultação e lavagem transnacional de dinheiro, como parte da operação Serendipitia, iniciada em maio. O relatório foi encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), que decidirá se irá apresentar denúncia formal contra ele. O processo está em trâmite na 14ª Vara Federal de Curitiba.

Além de Eduardo, nove pessoas foram indiciadas, incluindo sua esposa Ana Helena Mothe da Silva Duarte e seus filhos Thiago e Thobias Duarte de Mello e Silva. O empresário Valmor Felipetto, dono da Harbor Operadora Portuária Ltda, também foi implicado, sendo apontado como colaborador em um esquema que envolvia transações financeiras internacionais com o objetivo de receber propinas por meio de contas no exterior.

A PF detalhou que Eduardo e sua família foram envolvidos na lavagem de cerca de R$ 3 milhões e ocultaram aproximadamente R$ 6,6 milhões. Esses valores circularam por contas bancárias de familiares e de Felipetto, que, segundo a investigação, também teria utilizado uma conta na Áustria para ocultar recursos advindos de propinas. No período de 2009 a 2017, Eduardo e Felipetto ocultaram valores provenientes de contratos da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), mantendo esses ativos em uma conta bancária austríaca que chegou a acumular EUR 1.090.405,55 (aproximadamente R$ 5,8 milhões).

O ponto de partida para o indiciamento surgiu de uma investigação paralela. Durante a operação Daemon, que investigava Cláudio José de Oliveira, conhecido como o “Rei do Bitcoin”, a PF descobriu uma transação de R$ 530 mil envolvendo Felipetto. Através de depoimentos e análises bancárias, as suspeitas recaíram sobre um valor de R$ 3 milhões que Felipetto devia a Eduardo Requião, inicialmente classificado como empréstimo, mas apontado como possível propina de contratos do Porto de Paranaguá.

A investigação se aprofundou com a cooperação internacional dos EUA e da Áustria, revelando indícios de corrupção passiva. Segundo a PF, parte das propinas pagas foi transferida pela empresa holandesa Van Oord, responsável por serviços de dragagem no porto. O delegado Filipe Pace enfatizou que a cooperação internacional trouxe evidências adicionais de corrupção envolvendo Eduardo e Felipetto em contratos da APPA com a empresa SOMAR (agora Van Oord Serviços de Operações Marítimas).

Após análise dos documentos e dados obtidos na operação Serendipitia, a PF concluiu que a Van Oord transferiu propinas para uma conta de Felipetto na Áustria, mesmo após o término do mandato de Eduardo no Porto. Trocas de mensagens entre Eduardo e Felipetto indicam pressa em receber os recursos, avaliados em aproximadamente USD 1.210.000,00 (cerca de R$ 5,9 milhões). Felipetto chegou a oferecer um apartamento em Paranaguá, avaliado em R$ 1 milhão, como forma de pagamento.

O Informativo Paraná reitera que o espaço está aberto para manifestações e esclarecimentos de Eduardo Requião e dos demais citados.

Veja também

Posts Relacionados