Análise das eleições municipais de 2024 no Paraná: novas forças políticas e perspectivas para 2026

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As eleições municipais de 2024 no Paraná não apenas definiram novos prefeitos e vereadores, mas também reconfiguraram as forças políticas do estado. Algumas lideranças fortaleceram sua base de apoio, enquanto outras viram sua influência diminuir. Este cenário antecipa novas alianças e desafios, além de direcionar o caminho para as eleições estaduais de 2026. A seguir, apresentamos uma análise sobre quem avançou, quem estagnou e quem retrocedeu, bem como as possíveis repercussões desses resultados.

Avanços e consolidações

Os prefeitos eleitos nos principais colégios eleitorais têm a oportunidade de implementar políticas públicas significativas e de contribuir para a base dos líderes estaduais. A necessidade de alinhar-se com as diretrizes da reforma tributária será um ponto crucial nos próximos anos, exigindo dos prefeitos e vereadores habilidade para equilibrar finanças públicas e obter resultados concretos.

Com o fim do segundo turno, o partido do governador Ratinho Jr., que já havia conquistado 40% das prefeituras do estado, avançou ainda mais com as vitórias de Eduardo Pimentel, em Curitiba, e Tiago Amaral, em Londrina. A liderança de Ratinho Jr. foi fundamental para a reorganização da campanha de Pimentel, consolidando sua influência na capital. O PSD se tornou o partido com o maior número de dirigentes municipais no estado.

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Outro destaque foi o deputado Alexandre Curi, do PSD, que expandiu seu capital político ao se tornar presidente da Assembleia Legislativa. Com o apoio de mais de 168 prefeitos e 600 vereadores, ele fortaleceu sua base política e desempenhou um papel crucial na coordenação da campanha de Pimentel, colocando-se em uma posição estratégica para uma possível candidatura ao governo estadual em 2026.

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O ex-deputado Deltan Dallagnol, agora no Partido Novo, revitalizou a sigla e expandiu sua presença, mesmo após a cassação de seu mandato. O Novo elegeu o vice-prefeito em Cascavel e conquistou uma cadeira a mais na Câmara de Curitiba, fazendo de Dallagnol uma figura influente no cenário político paranaense.

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Partidos como o Republicanos e o Podemos também tiveram avanços significativos, especialmente na capital. Sob a liderança de Marcelo Almeida e Denian Couto, esses partidos contribuíram para o sucesso de Pimentel, consolidando a base aliada do governador e formando uma aliança estratégica para 2026.

Em termos numéricos, o Republicanos elegeu 16 prefeitos (um aumento de 170% em relação a 2020), 18 vices e 258 vereadores (crescimento de 209%). O PL também avançou, passando de 31 para 52 prefeituras.

Recuos e desafios

Por outro lado, a eleição não foi favorável para todos. O deputado Ney Leprevost, que já foi considerado um forte candidato à prefeitura de Curitiba, enfrentou uma perda significativa de capital político. Sua popularidade em baixa o coloca diante do desafio de reconquistar seu espaço e garantir a reeleição como deputado estadual, após seu irmão também não conseguir uma vaga na Câmara.

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O senador Sérgio Moro viu sua influência abalada, com derrotas em várias cidades e uma vitória em Ponta Grossa que não foi atribuída à sua força política. Sua tentativa de fortalecer a chapa de Ney Leprevost, com a participação da esposa como vice, resultou em conflitos públicos, o que complicou ainda mais sua situação.

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O Partido dos Trabalhadores (PT) sofreu um revés ao apoiar Luciano Ducci em Curitiba, em vez de lançar um candidato próprio, resultando em uma perda de apoio e visibilidade. O desempenho limitado se refletiu em outras cidades, onde o PT não conseguiu avançar, e sua estratégia restritiva expôs as dificuldades em ampliar sua base no Paraná. O PT viu sua representação cair de 8 para apenas 3 prefeituras, enquanto o PDT viu sua representatividade diminuir de 17 para 5.

O prefeito Rafael Greca também enfrentou desafios com a popularidade abalada por conflitos internos, o que pode afetar suas chances nas disputas estaduais de 2026.

Manutenção e perspectivas

Apesar de não ter avançado, o Progressistas (PP) manteve sua posição de força no Paraná, elegendo 61 prefeitos e 51 vices. A deputada Maria Victoria, em Curitiba, mostrou resiliência, embora seu desempenho tenha sido inferior ao das eleições anteriores. Ricardo Barros pode enfrentar desafios em sua relação com o governo devido a embates em cidades onde o governador tinha seu candidato.

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As eleições de 2024 reconfiguraram o panorama político municipal, criando uma base para novos embates em 2026. Enquanto alguns grupos buscam reconquistar influência, partidos como o PSD e o Republicanos saem fortalecidos, prontos para explorar o momento. O PT e o PDT precisarão repensar suas estratégias de coalizão, já que o apoio a candidatos de centro se mostrou menos eficiente.

Os resultados confirmam uma tendência conservadora que se fortaleceu no Paraná, com candidatos alinhados à direita obtendo 65% dos votos na capital, enquanto os partidos de esquerda, incluindo o PT, conquistaram pouco mais de 20%. Esse cenário reflete o perfil político conservador, com predominância do PSD e do PL nas administrações municipais.

As eleições de 2026 devem seguir essa inclinação, e os partidos conservadores poderão consolidar ainda mais seu espaço. Para aumentar sua relevância, os partidos de esquerda terão o desafio de articular novas estratégias para penetrar nas regiões e reequilibrar a balança política do estado.

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