Na manhã desta quinta-feira (17), um grupo de indígenas invadiu fazendas no município de Guaíra, no oeste do Paraná, agredindo dois agricultores que estavam iniciando o plantio da safra de verão. A região tem enfrentado conflitos de terras há quase duas décadas, intensificados desde a derrubada da tese do Marco Temporal pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado.
Atualmente, 22 áreas estão ocupadas ilegalmente pela etnia Avá-Guarani na região, que reivindica a demarcação de cerca de 32 mil hectares, correspondendo a aproximadamente 320 quilômetros quadrados. A presença dos indígenas na área aumentou após a Funai indicar a possibilidade de criar uma reserva indígena.
Os conflitos têm se intensificado, com frequentes cenas de enfrentamento. No incidente de hoje, os agricultores foram abordados ao tentarem acessar suas máquinas, resultando em ferimentos graves para dois deles, que foram levados a hospitais. Os indígenas, por sua vez, recusaram atendimento médico.
A motivação para a tentativa de impedir o plantio não está clara, mas agricultores acreditam que a intenção possa ser quebrar financeiramente os fazendeiros, uma vez que a perda das sementes e insumos já adquiridos comprometeria suas atividades. A reportagem não conseguiu contato com as lideranças indígenas para esclarecer a situação.
A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) criticou a falta de ação do governo federal diante do problema e expressou preocupação com a insegurança jurídica enfrentada pelos produtores rurais na região. A entidade pediu novamente ao governo medidas para solucionar os conflitos, além de apoio de deputados e organizações do setor agrícola.
Recentemente, em Terra Roxa, a menos de 30 quilômetros de Guaíra, um grupo indígena também atacou policiais da Força Nacional, resultando no roubo de um fuzil que foi recuperado horas depois. A Itaipu Binacional está negociando a compra de 1,5 mil hectares para a destinação aos indígenas, como forma de “pagamento de dívida histórica” pela perda de suas terras durante a construção da usina em 1982.
O diretor da usina, Enio Verri, afirmou que as comunidades nunca foram indenizadas, enquanto produtores da região contestam a existência de aldeias nas proximidades. As negociações estão em estágio avançado e não estão relacionadas aos processos de demarcação garantidos pelo STF em abril deste ano. A Força Nacional e a Polícia Federal estão presentes na área de conflito, mas ainda não divulgaram detalhes sobre a ocorrência.