Durante o processo eleitoral de Curitiba, Cristina Graeml (PMB) se apresenta como uma candidata contrária ao sistema político atual. Ela critica a lei eleitoral, afirmando que a distribuição do fundo eleitoral é injusta, questiona a divisão do tempo de rádio e TV e até as pesquisas eleitorais. Graeml se coloca como uma opção de ruptura para o eleitor curitibano, utilizando uma estratégia similar àquela que foi bem-sucedida para candidatos ligados à direita e extrema-direita, especialmente Jair Bolsonaro em 2018.
Neste segundo turno, Cristina Graeml começou a nomear os integrantes “do sistema” através da divulgação de vídeos, principalmente nas redes sociais. Um dos principais alvos de sua campanha tem sido o ex-governador Beto Richa (PSDB), que também foi citado em propagandas eleitorais no rádio e na TV, além de ser mencionado durante o debate da TV Ric Record no último final de semana.
Em um dos comerciais voltados para criticar o tucano, Graeml relembra a trajetória política de Beto Richa, destacando seu período como prefeito de Curitiba e governador do Paraná, além dos escândalos de corrupção que marcaram sua carreira política. Embora esses escândalos tenham sido arquivados recentemente por ordem do Supremo Tribunal Federal, a campanha de Graeml tenta associar essa imagem negativa de Beto Richa a Eduardo Pimentel (PSD), seu adversário no segundo turno.
Curiosamente, a relação entre Cristina Graeml e Beto Richa nem sempre foi de críticas. No mês de junho, durante a fase de pré-campanha, a equipe de Graeml procurou o ex-governador em busca de uma aliança com o PSDB. Além disso, chegou a convidar Fernanda Richa, esposa de Beto, para ser a vice na chapa de Graeml nas eleições de 2024. Esse contato foi feito via WhatsApp por Eduardo Pedrozo, coordenador geral da campanha de Cristina, e por Fabiano dos Santos, que na época era presidente estadual do PMB – antes de ser expulso pelo diretório nacional do partido no mês de setembro. O Informativo Paraná obteve acesso às conversas.
Nas mensagens, Fabiano dos Santos escreve: “Boa tarde, Beto. Fabiano dos Santos aqui. Presidente estadual do PMB-35. Tem interesse em uma conversa por possível composição entre PMB e PSDB?”. Logo em seguida, Eduardo Pedrozo complementa: “Boa noite, deputado. Tudo bem? Eduardo Pedrozo aqui. Trabalho com a Cristina Graeml. Poderíamos conversar pessoalmente?”.
Na época, Beto Richa, que estava sendo cogitado como possível candidato à prefeitura de Curitiba, aceitou conversar com representantes de Cristina Graeml. O encontro ocorreu no dia 8 de julho, na sede do PSDB, em Curitiba. Apenas Fabiano dos Santos compareceu à reunião, na qual foi feito o convite para que Fernanda Richa fosse vice na chapa de Graeml. Beto agradeceu, mas informou que sua esposa não estaria interessada em disputar a eleição de 2024.
Três meses depois, durante o debate da Ric Record, Cristina Graeml criticou Eduardo Pimentel, associando-o ao governo de Beto Richa e afirmando: “O candidato teve dentro do governo Beto Richa e não viu toda aquela corrupção. Beto Richa foi o padrinho inicial dele”.