O programa Irriga Paraná está promovendo um incentivo significativo para que os agricultores do estado aumentem suas áreas irrigadas, com o objetivo de elevar a produtividade de suas lavouras. A iniciativa do governo destina aproximadamente R$ 200 milhões, dos quais cerca de R$ 150 milhões são destinados a linhas de crédito facilitadas para a instalação de sistemas de irrigação, oferecendo mais previsibilidade e renda para os produtores, especialmente em regiões afetadas pela irregularidade das chuvas.
O foco é expandir o acesso ao crédito para projetos de irrigação nas propriedades rurais, algo que já estava em pauta desde 2022 por meio do Banco do Agricultor Paranaense, gerido pela Fomento Paraná. Até o final de agosto, 151 projetos de irrigação foram formalizados, abrangendo cerca de 1.000 hectares irrigados, com um total de R$ 20,8 milhões em financiamentos, dos quais R$ 7,6 milhões foram destinados pelo governo como subvenção das taxas de juros.
Além dos projetos já aprovados, há mais 2.500 hectares em fase de elaboração por meio do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e instituições parceiras, incluindo cooperativas e empresas de equipamentos para irrigação. Neste ano, o Instituto Água e Terra (IAT) já emitiu 1.474 documentos de outorga de uso da água para irrigação.
A maior parte dos recursos será direcionada para linhas de crédito, com R$ 150 milhões disponíveis, sendo R$ 78 milhões do Banco do Agricultor Paranaense com subsídios de juros; R$ 42 milhões do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE); e R$ 30 milhões do Fundo de Equipamento Agropecuário do Paraná (FEAP), sob gestão do IDR-Paraná.
O programa também prevê a abertura de uma linha de crédito específica do BRDE, com subvenções de juros que variam entre 7% e 12% ao ano, acessíveis durante todo o ano. O governo se compromete a apoiar a implementação de sistemas de irrigação na agricultura familiar com subvenções de até 80% do valor do projeto, limitado a R$ 20 mil.
Um dos principais objetivos do Irriga Paraná é aumentar em 20% a área irrigada no estado, passando dos atuais 170 mil hectares para cerca de 205 mil hectares. Essa iniciativa busca minimizar as perdas nas colheitas devido a estiagens, especialmente na região Noroeste, que enfrenta sérios problemas de falta de chuvas.
“Historicamente, o Paraná não enfrentava déficits hídricos e tinha chuvas regulares, mas as mudanças climáticas estão alterando esse cenário, resultando em secas mais frequentes e chuvas intensas”, explica Benno Henrique Doetzer, diretor Técnico da Seab. “Essas alterações impactam a produção, colocando em risco a subsistência de muitos agricultores. Por isso, o governo está focado não apenas na irrigação, mas também na segurança hídrica geral para assegurar a produção e a segurança alimentar”.
O estado também está atuando em outras frentes, conforme o Programa de Segurança Hídrica para a Agricultura, instituído por lei no início deste ano. Esta política visa mitigar os efeitos da escassez de água e se antecipar às mudanças climáticas, complementando iniciativas como a simplificação do licenciamento ambiental para reservatórios de água e a isenção de ICMS para equipamentos de irrigação.
Na área de pesquisa, estão sendo destinados R$ 20 milhões com recursos do Banco do Agricultor, FEAP, Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FERH) e da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). Os investimentos incluem melhorias na gestão de recursos hídricos em bacias estratégicas, instalação de radares e estações, além do estímulo ao uso de diferentes fontes de energia na irrigação, por meio do RenovaPR.
Os cursos de capacitação em sistemas de irrigação sustentável também são incentivados, com o primeiro curso realizado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) em 2022, envolvendo técnicos do IDR-Paraná. Uma nova turma terá início este mês, abrangendo profissionais de outras instituições e da iniciativa privada, visando aprimorar a assistência técnica e o uso racional da água.
Um exemplo de sucesso é o produtor rural Luis Henrique Escarmanhani, que possui uma propriedade de 110 alqueires em Alto Paraná, onde utiliza 23 alqueires para a produção de soja e pastagem. Ele implementou um sistema de irrigação por pivô central, o que otimizou sua criação de gado. “Apesar do investimento, a irrigação aumentou minha produtividade. Com o que gastei, poderia comprar mais 12 alqueires de terra, mas a irrigação trouxe maior eficiência na área que já tenho”, afirma.
Embora não tenha financiado seu projeto pelo Banco do Agricultor Paranaense, Escarmanhani recebeu suporte técnico do IDR-Paraná e do IAT para análise de viabilidade e autorização para uso da água. “Hoje, a terra é um bem valioso e precisamos otimizar sua utilização. Com a irrigação, minha produtividade aumentou em 30% e facilita até a obtenção de seguros, já que os riscos são bem menores”, conclui o produtor.